agosto 30, 2006

Greenpeace ‘enlatado’ por atuneiros franceses


Em campanha de ‘sensibilização’ contra a pesca de atum vermelho no mar Mediterrâneo, o Rainbow Warrior II, um dos navios da frota do Greenpeace, se deu mal no porto francês de Marselha.

Semana passada, o Rainbow Warrior, que pretendia atracar no porto de Marselha, teve sua passagem bloqueada por 32 barcos atuneiros que literalmente ‘enlataram’ a embarcação da ONG por dois dias. Após intensas negociações, a prefeitura de Marselha conseguiu que os atuneiros liberassem o Rainbow Warrior, desde ele que fosse rebocado pela Marinha da França para longe do porto, o que realmente acabou acontecendo. [1]

Dias antes, Mourad Kahoul, presidente do sindicato de atuneiros de Marselha, havia deixado claro que o barco do Greenpeace não seria aceito no porto: “O Greenpeace quer desinformar a opinião pública sobre a pesca de atum. Essa gente são os integristas da ecologia. Não os deixaremos intoxicar a população marselhesa”, disse Kahoul. [2]

A postura dos atuneiros franceses de ‘enlatar’ o barco e a campanha do Greenpeace contra a pesca de atum nos faz recordar a ‘calorosa’ recepção que outra embarcação da ONG, o Artic Sunrise, teve em junho passado no porto de Santarém (PA), promovida por produtores da região no marco da campanha “Fora Greenpeace” e que foi objeto, inclusive, de matéria alusiva no programa Fantástico, da Rede Globo. [3]

Mas não foi apenas nos portos de Marselha e Santarém que barcos do Greenpeace têm sido repelidos. Em novembro de 2003, por exemplo, outra embarcação da ONG, o Esperanza, foi impedido de atracar no porto de Miami pelas autoridades portuárias. Ocorre que, em julho do mesmo ano, o Greenpeace foi processado e condenado pelo governo dos EUA (Ministério Público) em processo aberto por “abordagem ilegal e conspiração” devido à ação de seis ativistas do Greenpeace, ocorrida em abril de 2002, ao invadirem o navio APL Jade que preparava-se para entrar no porto de Miami. Além da invasão, os “guerrilheiros do arco-íris” bloquearam a passagem do navio com manobras perigosas feitas por três botes infláveis, por acreditarem que a embarcação transportava mogno “contrabandeado” do Brasil. Não era o caso e a ONG processada e multada em mais de US$ 10 mil por cada acusação. [4]

Existem vários outros casos similares mas o que se sugere, no momento, é que a liderança do movimento “Fora Greenpeace” tome a iniciativa de contactar os atuneiros franceses propondo a criação de uma rede mundial de “Portos Amigos” encabeçada por Marselha e Santarém.

Notas:
[1]"Pesqueiros liberam o navio do Greenpeace, que será rebocado, EFE, 21/08/06
[2]"Greenpeace indésirable dans le Vieux-Port de Marseille", Le Monde, 21/08/06
[3]A fantástica batalha de Santarém, Alerta Científico e Ambiental, 12/06/06
[4]"Greenpeace dá as cartas no Pará", Alerta Científico e Ambiental, 6/11/03

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