junho 01, 2006

"Apagão" à vista: ONGs se articulam em Altamira

Não satisfeito com as enormes áreas transformadas em reservas ambientais pelo presidente Lula em seus dois “pacotes-verdes” no Oeste do Pará, o aparato ambientalista internacional se articula com afinco para esterilizar de vez o que resta na chamada Terra do Meio, região localizada, grosso modo, entre os rios Xingu e Tapajós.

Segundo informações do Instituto Socioambiental, uma das ONGs mais ativas nesse processo, cerca de 45 representantes de ONGs e do governo federal reuniram-se, na semana passada em Altamira (PA), durante o seminário "Perspectivas para a Terra do Meio", para definir estratégias comuns para a implementação das novas reservas ambientais. [1]

Ainda segundo a nota, o Ministério do Meio Ambiente está finalizando o processo de criação de mais duas reservas na região: a do Médio Xingu, com 301 mil hectares, e do Iriri, com aproximadamente 396 mil hectares, ambas na altura do município de Altamira, faltando oficializar a Floresta Estadual do Iriri e a Área de Proteção Ambiental (APA) de São Felix do Xingu.

Textualmente, “a consolidação final do mosaico de UCs da Terra do Meio poderá significar o estabelecimento de um outro grande mosaico contínuo de áreas protegidas ao longo da Bacia do Rio Xingu, desde o norte do Mato Grosso, atravessando o centro do Pará até a altura da sede urbana do município de Altamira. Trata-se de 18 Terras Indígenas (de 24 diferentes etnias) e de dez UCs contíguas, num total de mais de 26 milhões de hectares de floresta amazônica protegidos – provavelmente um dos maiores conjuntos de áreas protegidas do mundo”.

Contudo, o objetivo estratégico do seminário foi o reposicionamento das forças verdes para “selar” a bacia do Xingu para qualquer aproveitamento do seu enorme potencial hidrelétrico, com destaque para a usina de Belo Monte, ex-Cararaô (11 mil MW na nova configuração). Isso fica claro não apenas pelo escolha da emblemática Altamira como local para a realização do seminário, mas, principalmente, por seus financiadores e com o mal-disfarçado lançamento, no evento, do livro “Custos e Benefícios do Complexo Hidrelétrico Belo Monte: Uma Abordagem Econômico-Ambiental”, custeado pela pouco conhecida ONG estadunidense Conservation Strategy Fund (CFS).

O CFS tem um orçamento anual de mais de meio milhão de dólares (2005) e é bancado pelo governo americano via USAID além de contribuições do WWF, Conservation International, The Nature Conservancy e fundações “filantrópicas” como a Gordon & Betty Moore Foundation, do milionário dono da empresa Intel.[2]

Quanto ao seminário em si, foi patrocinado, além do ISA, pelo onipresente WWF, Conservation International, Environmental Defense (ex-EDF) e o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, filial brasileira da ONG Woods Hole Research Center).

Apenas para recordar, foi na emblemática cidade de Altamira que, no início de 1989, houve o famoso encontro das ONGs internacionais que resultou no cancelamento da construção de Cararaô. É lícito concluir que, não houvera tal impedimento, a usina poderia ter sido construída e não teria havido o "apagão" de 2001.

Caso se deseje evitar que a Amazônia se transforme em “bem público mundial”, como planejam o aparato ambientalista e seus patrocinadores, urge formar centros cívicos de resistência nas cidades da região que, à semelhança do movimento “Fora Greenpeace” que se desenvolve em Santarém, sejam capazes de neutralizar os planos delirantes e anti-humanos dos ambientalistas radicais.

Notas:
[1]"Sociedade civil e ribeirinhos aliam-se para implementar áreas protegidas da Terra do Meio", ISA, 22/05/06
[2]"Annual Report 2005", CFS, capturado em 31/05/06

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