junho 21, 2006

ONGs temem "efeito Santarém"


14/jun/06 – Com o sugestivo título “Ameaça em curso”, a Rets (Revista do Terceiro Setor) publica hoje uma entrevista com o ambientalista Tarcísio Feitosa, membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Altamira que está por embolsar 125 mil dólares como um dos ganhadores do Prêmio Goldman de Meio Ambiente de 2006, concedido pelo Goldman Fund, por sua atuação em defesa dos direitos humanos, do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável no Xingu e na Terra do Meio, no Pará.

Ao mencionar que o clima de tensão na região tem piorado desde o dia 19 de maior passado, “quando o Greenpeace sofreu um ataque em Santarém” (sic), a Rets afirma que a campanha logo se generalizou “para um movimento antiorganizações sociais, ganhou o oeste do estado do Pará e chegou a Altamira, segundo relatou Tarcísio Feitosa”:


Rets – Como está a situação hoje no Pará em relação à construção de Belo Monte?
Tarcísio Feitosa - A campanha contra o Greenpeace em Santarém está se ramificando para o oeste do Pará. Existem faixas em todas as esquinas da cidade. Em uma delas está escrito “8.711 desempregados na região”. A situação aqui é preocupante.
Ontem [5 de maio] houve um seminário sobre meio ambiente em Altamira e a pergunta principal que faziam para a gente era: “Quem dá dinheiro para vocês?”. Apresentamos as fontes de financiamento, inclusive do governo federal. Havia quatro câmeras nos filmando, uma parafernália enorme gravando os nossos depoimentos. E depois nos perguntaram se éramos a favor ou contra Belo Monte.

Rets – Mas a população concorda com essa campanha contra as organizações da sociedade civil?
Tarcísio Feitosa – Existem 8 mil pais de famílias desempregados por causa do fechamento das madeireiras. Isso é complicado. Fora isso, faz uma semana que vem sendo veiculada na televisão uma campanha com o tema “Eu Quero Belo Monte”, apoiada por fazendeiros, empresários locais e madeireiros. A campanha é assinada por um Comitê Pró-Belo Monte. Com certeza, é gente de fora que está trabalhando a estratégia, porque os nossos inimigos nós conhecemos bem.


Ao mencionar a “gente de fora”, Feitosa quer, de fato, fomentar a cizânia entre os “locais” e os “gaúchos”, a velha tática do Império Romano de dividir para conquistar.


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