julho 01, 2006

O autoritarismo verde de Lula


Espera-se que os céticos que ainda duvidavam que o país experimenta uma autêntica ecoditadura analisem com cuidado o mais recente ato ostensivamente autoritário do presidente Lula ao decretar, dia 21 passado, mais 2 milhões de hectares em novas reservas ambientais no Amazonas.

O fato é que, desde o início do governo Lula, foram criadas ou ampliadas 57 unidades de conservação: quatro em 2003, 11 em 2004, 21 em 2005 e 21 em 2006, totalizando a impressionante área de quase 200 mil quilômetros quadrados. Apenas para se ter uma idéia de grandeza, verifique-se as áreas (em km2) dos seguintes Estados: Acre, 153 mil; Ceará, 145 mil; Espírito Santo, 45 mil; Rio Grande do Sul, 280 mil; Santa Catarina, 95 mil; e por ai vai.

Desta feita, foram o Parque Nacional dos Campos Amazônicos, no sudoeste do Amazonas e no extremo nordeste de Rondônia (880 mil hectares), a Reserva Extrativista do Rio Unini, situada no norte do Amazonas (830 mil hectares) e, no sul do Amazonas, a Reserva Extrativista Arapixi (133 mil hectares).

A abrangência da mais restritiva delas, o Parque Nacional dos Campos Amazônicos, foi cuidadosamente estudada para impedir que uma extensa área de cerrado encravado na floresta densa seja utilizada para a produção de alimentos, em mais uma clara demonstração da submissão do governo Lula à agenda ambientalista internacional para despovoar – ou impedir a ocupação territorial - da região. [1]

O autoritarismo verde do governo Lula ficou ainda mais explícito ao ignorar, solenemente, a posição majoritariamente contrária à criação do parque emanada nas três audiências públicas feitas para debater o tema. Foram, como se diz, audiências para inglês ver.

Ainda mais deplorável foi o alinhamento oportunista do governador do Amazonas, Eduardo Braga, à agenda verde do governo federal, contrariando sua postura diametralmente oposta explicitada em agosto do ano passado, durante o seminário Estratégias para o Combate ao Desmatamento e Promoção ao Desenvolvimento Sustentável no Sul do Amazonas.: "Não se pode tratar desiguais de forma igual. O Amazonas não é só floresta primária. Temos campos, várzeas que devem ser produtivas. Assim como também não podemos confundir extrativismo, produção agrícola com desmatamento", disse ele na ocasião. Agora, Braga aparece sorridente, entre Lula e a ministra Marina Silva, na foto que registra o ato presidencial da criação das novas reservas. [2]

Em resumo, avança a passos largos a conquista territorial do aparato ambientalista internacional no Brasil, uma prova viva da “guerra de quarta geração” em curso e que está descrita em detalhes no livro “Máfia Verde 2: ambientalismo, novo colonialismo”.

Notas:
[1]"Governo Federal cria três novas reservas ambientais na Amazônia", MMA, 21/06/06
[2]"Proteção ambiental" impede recuperação da BR-319, Alerta Científico e Ambiental, 12/08/05



Foto: Brasília - Presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre o governador do Amazonas, Eduardo Braga, e a ministra Marina Silva, durante encontro em que foram assinados decretos de criação das reservas extrativistas Arapixi, Rio Unini e Parque Nacional dos Campos Amazônicos. Foto: José Cruz/ABr.

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