junho 11, 2006

A intolerável criminalização da soja "amazônica"

Está marcada para o próximo dia 26 em Bruxelas, na Bélgica, a reunião entre o Greenpeace e seis mega-empresas do setor alimentício – do quilate da Mc Donalds e da Kentuck Fried Chicken – para negociar o boicote à compra de produtos que dependam da soja plantada na “Amazônia”. A data foi cuidadosamente escolhida uma vez que todas as atenções estarão voltadas para os jogos da Copa.

A informação foi veiculada pelo portal O Eco acrescentando que, segundo o Greenpeace, o cenário da reunião é “extremamente promissor”. [1]

Devido às evidentes dificuldades operacionais, não seria surpresa se a soja embarcada nos portos “amazônicos” (Santarém, Itacoatiara e Itaqui) venha a ser liminarmente boicotada pelas seis mega-empresas, caso saia o tal acordo. De qualquer modo, o esquema só poderia funcionar com o “convencimento” das grandes tradings: Cargill (que se encontra sob fogo cerrado dos verdes), Bunge, ADM e Grupo Maggi.

Estas, por seu turno, desenvolvem vários esquemas de arreglos com o aparato ambientalista mas que não lhes garantirão, como não tem garantido, qualquer espécie de “tratamento diferenciado”: se dão um pé, lhes exigem depois a mão. O exemplo mais candente neste sentido é o da Cargill, que vem tentando se compor com os verdes por meio de acordo com a The Nature Conservancy, mas com resultados tíbios e uma bem nutrida oposição do Greenpeace. [2]

Lamentavelmente, a estratégia do aparato ambientalista de criminalizar produtos oriundos da “Amazônia” vem dando os resultados esperados: primeiro foi a madeira e, agora, a bola da vez é a soja; e a próxima, seria a pecuária? Isso, para não mencionar os empreendimentos de infra-estrutura.

Se não houver uma forte reação cívica da população e do setor produtivo contra este processo de internacionalização camuflada – dos governos, o que se tem visto (com as exceções de praxe) são atitudes lenientes ou abertamente colaboracionistas, como é o caso do presidente Lula – a economia do Oeste paraense será gradativamente asfixiada até que só restem a fauna, a flora e seus guardiões permitidos, os índios.

Notas:
[1]“Em negociação”, O Eco, 31/05/06
[2]“Santarém, paraíso do econegócio”, Alerta Científico e Ambiental, 14/05/06


Hit Counters