Greenpeace ou "Pax Verde"?
No início do mês passado, o Greenpeace lançou, com grande estrépito, uma campanha mundial contra a produção de alimentos originados da Amazônia Legal brasileira – e não do bioma de mesmo nome, só para confundir, intencionalmente, a opinião pública mundial.
Em realidade, a campanha foi decorrência do relatório feito pelo Greenpeace, “Comendo a Amazônia” (Eating Up the Amazon), visando toda a cadeia produtiva da soja e seus derivados. “Este crime começa na Amazônia e se estende por toda a indústria de alimentos da Europa. Redes de supermercados e de fast foods, como o Mc Donald’s, devem se certificar que não estão usando soja produzida na Amazônia em seus produtos se não quiserem ser cúmplices de crimes ambientais e sociais, como trabalho escravo e outros abusos aos direitos humanos”, disse Gavin Edwards, coordenador da campanha de Florestas do Greenpeace Internacional. [1]
Em suma, essa mega-campanha do Greenpeace marca uma nítida mudança de fase na estratégia para inviabilizar o desenvolvimento e o povoamento da Amazônia e do Cerrado, onde os antigos vilões da região – os madeireiros, feridos de morte no governo Lula -, são substituídos por “sojeiros” e pecuaristas.
De fato, não se trata de algo novo. O Greenpeace plagiou e ampliou outros estudos anteriormente feitos pelo aparato ambientalista, sendo o mais conhecido “A conexão hambúrguer alimenta a destruição da Amazônia” [2]
Greenpeace ou "Pax Verde"?
Essa nova ofensiva ambientalista sobre a Amazônia deve ser vista, estrategicamente, sob o prisma da doutrina de “militarizar” a questão ambiental como evidenciada, por exemplo, no documento United States Security Strategy for the Americas (Estratégia de Segurança dos Estados Unidos para as Américas), publicado pelo Departamento de Defesa em setembro de 1995.
Por conta disto, não surpreende que o general Patrick Hughes, diretor da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA (DIA), tenha dito, numa conferência proferida em 9 de abril de 1998, no Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), que uma das hipóteses de conflito que as Forças Armadas dos EUA prevêem como possíveis nas próximas duas décadas é uma intervenção na Amazônia brasileira, para evitar danos ambientais que possam, eventualmente, provocar impactos sobre os interesses estadunidenses. [3]
Mais recentemente, verifica-se que o requentamento do discurso sobre a “internacionalização” da Amazônia ocorre em paralelo com a adoção do conceito de “soberania efetiva” pelas lideranças militares do atual Governo dos EUA, o qual foi apresentado pelo secretário de Defesa Donald Rumsfeld na V Conferência de Ministros da Defesa das Américas, em Santiago do Chile, em novembro de 2002. Segundo ele, o preceito se aplicaria a quaisquer áreas sobre as quais os governos da região não possam, por um motivo ou outro, exercer um pleno controle territorial. Nas discussões, as favelas brasileiras foram mencionadas como um exemplo de tais áreas.
Isso para não mencionar declarações de autoridades de outras potências sobre a soberania da Amazônia, sendo a mais recente a proferida pelo ex-comissário de Comércio da União Européia (atual diretor-geral da Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy. Em 21 de fevereiro de 2005, em uma palestra realizada em Genebra, Suíça, sobre o tema “As lições da Europa para a governança global”, Lamy afirmou que a floresta amazônica e as demais florestas tropicais do planeta deveriam ser consideradas “bens públicos mundiais” e submetidas a uma gestão coletiva pela comunidade internacional.
Em particular, as investidas do aparato ambientalista-indigenista podem ser consideradas autênticas ações de guerra irregular contra a soberania nacional, ou “guerra de quarta geração”. Este último conceito, que está sendo discutido entre certos círculos militares e estratégicos da América do Norte e da Europa, se refere a campanhas em que um Estado nacional se defronta com oponentes não-estatais, como organizações terroristas e/ou criminosas – ou, no caso brasileiro, ONGs contrárias ao desenvolvimento nacional.
Tudo somado e analisado, se pode dizer que estão em curso, na Amazônia, desdobramentos de ações de “guerra de quarta geração” onde territórios não são conquistados no sentido militar clássico, mas neutralizados em seu pleno desenvolvimento socioeconômico e conseqüente povoamento para, em uma fase posterior, serem declarados como territórios sem “soberania efetiva”. Trata-se, portanto, de uma doutrina exógena, de cunho estratégico-militar, cuja denominação não poderia ser outra senão a de “Pax Verde”.
Notas:
[1]"Crimes contra a Amazônia à venda nas prateleiras de supermercados e fast foods da Europa", Greenpeace, 6/04/06
[2“Hamburger connection fuels Amazon deforestation”, Center for International Forestry Research, 2004
[3]“Pentágono quer militares ibero-americanos protegendo o meio ambiente”, Alerta Científico e Ambiental, 10/06/97
Em realidade, a campanha foi decorrência do relatório feito pelo Greenpeace, “Comendo a Amazônia” (Eating Up the Amazon), visando toda a cadeia produtiva da soja e seus derivados. “Este crime começa na Amazônia e se estende por toda a indústria de alimentos da Europa. Redes de supermercados e de fast foods, como o Mc Donald’s, devem se certificar que não estão usando soja produzida na Amazônia em seus produtos se não quiserem ser cúmplices de crimes ambientais e sociais, como trabalho escravo e outros abusos aos direitos humanos”, disse Gavin Edwards, coordenador da campanha de Florestas do Greenpeace Internacional. [1]
Em suma, essa mega-campanha do Greenpeace marca uma nítida mudança de fase na estratégia para inviabilizar o desenvolvimento e o povoamento da Amazônia e do Cerrado, onde os antigos vilões da região – os madeireiros, feridos de morte no governo Lula -, são substituídos por “sojeiros” e pecuaristas.
De fato, não se trata de algo novo. O Greenpeace plagiou e ampliou outros estudos anteriormente feitos pelo aparato ambientalista, sendo o mais conhecido “A conexão hambúrguer alimenta a destruição da Amazônia” [2]
Greenpeace ou "Pax Verde"?
Essa nova ofensiva ambientalista sobre a Amazônia deve ser vista, estrategicamente, sob o prisma da doutrina de “militarizar” a questão ambiental como evidenciada, por exemplo, no documento United States Security Strategy for the Americas (Estratégia de Segurança dos Estados Unidos para as Américas), publicado pelo Departamento de Defesa em setembro de 1995.
Por conta disto, não surpreende que o general Patrick Hughes, diretor da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA (DIA), tenha dito, numa conferência proferida em 9 de abril de 1998, no Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), que uma das hipóteses de conflito que as Forças Armadas dos EUA prevêem como possíveis nas próximas duas décadas é uma intervenção na Amazônia brasileira, para evitar danos ambientais que possam, eventualmente, provocar impactos sobre os interesses estadunidenses. [3]
Mais recentemente, verifica-se que o requentamento do discurso sobre a “internacionalização” da Amazônia ocorre em paralelo com a adoção do conceito de “soberania efetiva” pelas lideranças militares do atual Governo dos EUA, o qual foi apresentado pelo secretário de Defesa Donald Rumsfeld na V Conferência de Ministros da Defesa das Américas, em Santiago do Chile, em novembro de 2002. Segundo ele, o preceito se aplicaria a quaisquer áreas sobre as quais os governos da região não possam, por um motivo ou outro, exercer um pleno controle territorial. Nas discussões, as favelas brasileiras foram mencionadas como um exemplo de tais áreas.
Isso para não mencionar declarações de autoridades de outras potências sobre a soberania da Amazônia, sendo a mais recente a proferida pelo ex-comissário de Comércio da União Européia (atual diretor-geral da Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy. Em 21 de fevereiro de 2005, em uma palestra realizada em Genebra, Suíça, sobre o tema “As lições da Europa para a governança global”, Lamy afirmou que a floresta amazônica e as demais florestas tropicais do planeta deveriam ser consideradas “bens públicos mundiais” e submetidas a uma gestão coletiva pela comunidade internacional.
Em particular, as investidas do aparato ambientalista-indigenista podem ser consideradas autênticas ações de guerra irregular contra a soberania nacional, ou “guerra de quarta geração”. Este último conceito, que está sendo discutido entre certos círculos militares e estratégicos da América do Norte e da Europa, se refere a campanhas em que um Estado nacional se defronta com oponentes não-estatais, como organizações terroristas e/ou criminosas – ou, no caso brasileiro, ONGs contrárias ao desenvolvimento nacional.
Tudo somado e analisado, se pode dizer que estão em curso, na Amazônia, desdobramentos de ações de “guerra de quarta geração” onde territórios não são conquistados no sentido militar clássico, mas neutralizados em seu pleno desenvolvimento socioeconômico e conseqüente povoamento para, em uma fase posterior, serem declarados como territórios sem “soberania efetiva”. Trata-se, portanto, de uma doutrina exógena, de cunho estratégico-militar, cuja denominação não poderia ser outra senão a de “Pax Verde”.
Notas:
[1]"Crimes contra a Amazônia à venda nas prateleiras de supermercados e fast foods da Europa", Greenpeace, 6/04/06
[2“Hamburger connection fuels Amazon deforestation”, Center for International Forestry Research, 2004
[3]“Pentágono quer militares ibero-americanos protegendo o meio ambiente”, Alerta Científico e Ambiental, 10/06/97
4 Comments:
Sra. Nilder.
Como você pode chamar de desenvolvimento um processo que não destrói só a floresta, mas a vida de muitas pessoas? Esse 'desenvolvimento' que você prega, baseado na expansão da soja (impulsionada por empresas multinacionais, como a Cargill) e da pecuária, agride, violenta e mata. Desenvolvimento que gera miséria e enriquece poucos, como o que acontece na fronteira agrícola da Amazônia, não é desenvolvimento, é expoliação, é roubo, de vidas e dos recursos natuarais. Sua visão, que usa argumentos de um mexicano (Carrasco) para defender os 'interesses nacionais' contra organizações mundiais (sim, o Greenpeace é uma entidade que é mundial, muito diferente de ser uma organização estrangeira - como a Cargill) que defendem os interesses (e trabalham junto) das populações locais contra a violência e a destruição é completamente míope. Em 30 anos, mais de 700 pessoas foram assassinadas no estado do Pará, entre trabalhadores, lideranças, religiosos. Tudo em nome disso que você chama de 'desenvolvimento'. Hoje, muitas famílias que viviam de sua pequena produção na BR-163, vivem aqui na periferia de Santarém tirando o que conseguem do lixo, isso mesmo, do lixo. Foi isso o que a soja trouxe para essas pessoas - tirou sua propriedade, seu meio de vida e as jogou no meio do lixo.
A soja mata a mata, a soja mata os bichos, a soja mata as pessoas. Ao invés de gritar fora greenpiece, você deveria gritar 'FORA SOJA.
Prezada Lúcia,
Estanho vc dizer que um dos alimentos mais benéficos para a humanidade, principalmente na Ásia, de onde se origina, mate pessoas, bichos, etc. De onde vc tirou isso?
Nilder Costa
De onde você, Nilder Costa, tirou que a soja é benéfica dessa forma à população??E mais: o que você considera desenvolvimento?? O enriquecimento de poucos?Deve ser, pois é isso que vai acontecer: com essa soja, provavelmente transgênica, que está sendo plantada sob a "nossa Amazônia" (usando as suas próprias palavras, só para enfatizar), estamos perdendo MUITA biodiversidade, a possibilidade de cura para muitas doenças e a possibilidade - mínima - de emancipação das comunidades amazônicas...sim, pois você REALMENTE acredita que os lucros dessa soja fiquem com eles? É claaaaro que não!!!! Esse lucro vai parar em outros países,aqueles de origem dos donos de grandes empresas multinacionais, tais como Monsanto, Cargill e afins...e outra: acho bom você pesquisar um pouco mais, pois se o fizer vai descobrir que transgênicos podem dominar a região ao seu redor através da polinização natural...com isso, todas as espécies nativas e outras agriculturas da região se perderão..."Adeus" biodiversidade!! E "olá" dependência das empresas de pesquisa em transgênicos - Monsanto -, pois precisaremos de suas sementes, já que não mais teremos as nossas, naturais e/ou selecionadas através de gerações para escolher as plantas mais resistentes e produtivas. Que FIQUE CLARO que não estou defendendo o Greenpeace - acho que eles tem muitos defeitos, entre eles o malefício que trazem à quem trabalha na área ambiental como eu quanto à opinião pública, que fica cheia de desconfiança com tantos "radicalismos" cometidos por eles...porém, sei por experiência de vida que, se for pra comentar um assunto ou tomar um partido num dado contexto sem saber bem sobre o que se está falando - ouvir os pontos de vista contrários, buscar fontes neutras de informação, pois a mídia é manipuladora - você se tornará mais um malefício, um atrapalho do que um auxílio e esclarecimento.
PS-> A soja REALMENTE não tem nada de ruim, é um alimento saudável, como todos os outros cereais. Ruim MESMO é a monocultura, em que se perde biodiversidade vegetal e há aumento do número e diversidade de pragas, além de exaurir o solo; ruim também é a manipulação genética de organismos vegetais e animais, cujos resultados são imprevisíveis. Agora, vamos ver se você aceita bem críticas e tem coragem de aceitar esse comentário.
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