maio 02, 2006

Não à "República de Marina" e à "República de Meirelles"

Aos poucos, a realidade vai se impondo. Se no Oeste paraense a população começa a se levantar contra a ecoditadura que o governo Lula vem impondo à região, um pouco mais ao sul, em Mato Grosso, os produtores agropecuários intensificaram seu protesto contra as políticas agrícolas e econômicas (sic) do governo federal.

O nome do movimento dos matogrossenses, "Grito do Ipiranga", não deixa dúvidas tratar-se igualmente de uma luta cívica em prol de uma independência, desta feita, da ditadura usurária imposta pelo Banco Central. Notícias recentes informam que, desde a semana passada, os produtores mantêm interditados trechos de quatro -BRs 174, 364, 163 e 158- das cinco rodovias federais que passam pelo Estado, segundo a Polícia Rodoviária Federal em Mato Grosso. Entre outras reivindicações, os produtores querem redução no preço do diesel, seguro para safras e novas linhas de crédito no banco.

O próprio governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), reconheceu que os embarques de soja para exportação podem ser interrompidos já na semana que vem, por causa dos bloqueios dos agricultores.

Não surpreende que os manifestantes do "Grito do Ipiranga" venham exigindo o impeachment do presidente Lula com faixas dizendo "Fora Lula. Impeachment já". "Da forma como ele [Lula] vem conduzindo o país, eu acho que ele está quebrando o Brasil. Na nossa região, não temos mais o que fazer porque não se vê mais dinheiro. Não conseguimos mais gerar empregos", disse o presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan. [cf. Folha de São Paulo, 2/05/06].

Com a submissão ostensiva da política ambiental ao aparato ambientalista-indigenista internacional e da política econômica aos mercados financeiros, Lula dá um grande passo em um processo que se assemelha a uma virtual dissolução do Estado nacional brasileiro, cujas funções vitais têm sido suplantadas exogenamente por estruturas de "governo mundial", em benefício de oligarquias transnacionais.

Assim, "Fora Lula" e "Fora Greenpeace" são expressões que surgiram, inevitável e independentemente, do sentimento de revolta das populações contra a "República de Meirelles" e contra a "República de Marina".

Em algum momento que, esperamos, esteja próximo, os dois movimentos acabarão se unificando.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Especulação e crédito exagerado marcaram "anos dourados" - 16/05/2006

Local: São Paulo - SP
Fonte: Agência Carta Maior
Link: http://agenciacartamaior.uol.com.br


A crise atinge principalmente os produtores de soja, cultura campeã em ocupação de território agrícola. O problema resulta da combinação da própria falta de planejamento dos fazendeiros com falhas por parte do governo.

Brasília - Estradas interditadas em vários estados, ruralistas incendiando tratores, governadores mobilizando-se para reforçar protestos de fazendeiros nesta terça-feira (16) em Brasília. A crise do setor agrícola exportador – que tem peso significativo na economia brasileira - se precipitou, mas antes de ir às soluções, deve-se diagnosticar o que tem sido chamado de crise e apurar responsabilidades.

No primeiro caso, é possível concluir que nem todos os fazendeiros estão em apuros. A crise atinge de fato os produtores de grãos – sobretudo de soja -, que dominam 75% das terras agrícolas. Não se ouve chiadeira de cafeicultor, plantador de laranja, usineiro de cana ou dono de gado, também importantes no agronegócio nacional. Em relação à responsabilidade, pode-se dizer que a crise resulta da combinação de negligência do governo e falta de planejamento dos fazendeiros.

A safra passada dos Estados Unidos superou expectativas e derrubou preços internacionais de grãos valiosos para o Brasil, como soja, milho e trigo. Ao mesmo tempo, a produção nacional frustrou-se em 20 milhões de toneladas, por razões climáticas, como a seca no sul. E o dólar despencava. Apesar de as exportações agrícolas baterem recorde nos últimos dois anos, entrou menos dinheiro no caixa dos produtores - tiveram menos mercadoria para vender, receberam menos por isso lá fora e obtiveram menos aqui dentro, ao trocar dólar por real. Como os custos - sobretudo com frete, puxados pelo petróleo – subiram ou ficaram estáveis, a safra 2004/2005 rendeu aos produtores, sobretudo de grãos, menos do que imaginavam. As exportações totais do agronegócio caíram R$ 8 bilhões em 2005. O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária ficou R$ 15 bilhões menor, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Faltou dinheiro para pagar fornecedores, dívidas vencidas e plantios futuros. Foi preciso demitir 13 mil trabalhadores, de acordo com o ministério do Trabalho. E a situação ameaça repetir na safra 2005-2006, que está sendo vendida. De janeiro e abril, as exportações recuaram R$ 3,5 bilhões.

Mas os produtores de grãos poderiam ter evitado ou minimizado a crise com um mínimo de precaução e planejamento. Bastaria ter aproveitado a fase dos negócios polpudos para fornir o caixa. Condições – e dinheiro – havia de sobra. De 2002 a 2004, as exportações rurais cresceram quase 60% em moeda nacional, gerando ganho extra de R$ 42 bilhões. O PIB agropecuário engordou R$ 55 bilhões, informa o IBGE. Com tanto dinheiro, a força de trabalho acolheu mais 177 mil pessoas no período. “Existe uma crise, mas o setor patronal ganhou muito dinheiro nos últimos anos”, diz o coordenador de política agrária da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Paulo de Tarso Caralo.

Entusiasmados pelos recursos que entravam sem parar, os produtores rurais saíram a tomar crédito e endividar-se, para buscar ainda mais lucros, em vez de poupar para honrar dívidas bilionárias que acumulam há uma década com o governo federal. De 2002 a 2005, os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investimentos rurais dobraram. A área ocupada pela soja no Mato Grosso duplicou entre 2001 e 2005. Relatório recente do Greenpeace aponta o avanço da soja no estado como maior causa da devastação da Amazônia (leia: Soja é principal vetor do desmatamento, diz pesquisa do Greenpeace).

“Faltou planejamento aos agricultores. Durante dois, três anos, houve um movimento especulativo, uma absorção de crédito exagerada. Foi um erro ter contratado tanto investimento”, afirma o coordenador-geral de crédito da Secretaria de Agricultura Familiar do ministério do Desenvolvimento Agrário, Adoniram Sanches. Até os grandes agricultores admitem equívoco de gestão. “Concordo que a gente também acaba tirando uma lição, essa crise é pedagógica”, afirma o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso (Famato), Homero Pereira.

Maior produtor de soja do país, Mato Grosso é o estado que abrigou as manifestações mais estridentes dos fazendeiros contra a crise rural nos últimos dias – e que, por coincidência, tem no governo o maior plantador de soja do país, Blairo Maggi (PPS). Foi em Mato Grosso que se ateou fogo a tratores e prefeituras pararam. Chama a atenção o fato de tais atitudes guardarem semelhança com atos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mas terem recebido tratamento bem diferente por parte da imprensa e de políticos. “Não é justo fazer paralisações com essa agressividade e essa radicalização. Quando é que as prefeituras pararam por causa do MST?”, diz a senadora Serys Shlessarenko (PT), do Mato Grosso. Para ela, apesar de existir um problema real no campo, haveria um exagero com o objetivo de “desestabilizar” o governo federal.

A tese da “tentativa de desestabilizar o governo” talvez explique a presença prevista de doze governadores no protesto de fazendeiros marcado para esta terça-feira (16) em Brasília. No ano passado, a arrecadação estadual de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado nas vendas de produtos agrícolas – exceto exportações, que são isentas – aumentaram R$ 200 milhões, para R$ 2,1 bilhões. Quer dizer, em conjunto, os estados não sentiram a crise. O impacto foi maior para estados mais dependentes da taxação da agricultura com ICMS, como Mato Grosso (perdeu R$ 26 milhões) e Rio Grande do Sul (perdeu R$ 32 milhões).

Mas, ainda que haja “tentativa de desestabilizar o governo”, o Executivo federal tem muita responsabilidade pela crise rural e merece críticas. Ao fixar taxas de juros estelares entre setembro de 2004 e meados de 2005, o Banco Central (BC) atraiu grande quantidade de dólares de especuladores, barateando o preço da moeda-norte-americana. A taxa média de câmbio caiu de R$ 2,92 em 2004 para R$ 2,43 em 2005 e R$ 2,18 ao fim de abril. O BC nada fez para impedir a alta do real e preservar as exportações de brasileiras.

A política fiscal do Ministério da Fazenda, com doses exageradas de arrocho para pagar juros de dívidas (superávit primário), tirou recursos que poderiam ter melhorado a infra-estrutura e a logística no comércio do setor agropecuário. Para se ter uma idéia, levar uma tonelada de soja por caminhão do Mato Grosso até o porto de Paranaguá (PR), viagem de mais de dois mil quilômetros, custa até cinco vezes mais do que fazer o grão circular por São Paulo ou Paraná. O percurso é irracional e esburacado, mas a única alternativa viável seria a rodovia Cuiabá (MT)-Santarém (PA), obra que exige verba que o governo federal prefere desviar para o superávit.

Na microeconomia, houve negligência. O governo destinou recursos insuficientes para o seguro-rural e o programa de garantia de preços mínimos de vários produtos. O orçamento para preços mínimos neste ano era de R$ 650 milhões e só depois da crise foi ampliado para R$ 2,65 bilhões. Já o seguro-rural tem no máximo R$ 26 mil para cada produtor em crise que pedir socorro ao ministério da Agricultura. Quem quiser mais, terá de procurar seguradora privada usando lei tida como inoperante. “Estamos vivendo uma das crises rurais mais intensas dos últimos tempos e ela está associada à deficiência de gestão da política pública”, afirma o economista da Unicamp Antonio Marcio Buainain, especialista em política agrícola.

O governo diz que analisa medidas “estruturantes” em favor do setor rural, mas acha que os problemas derivam da conjuntura – dólar e preços baixos – e vão ser superados logo. Por isso, optou por ações emergenciais. No início de abril, liberou R$ 1 bilhão para elevar os preços de trigo, milho e arroz, principalmente, e adiou por até três anos as prestações de ruralistas que tomaram crédito no BNDES e no Banco do Brasil em 2005 e 2006. Na sexta-feira (12), soltou mais R$ 1 bilhão, desta vez só para financiar a elevação do preço da soja. “Estamos dando sinalizações para que os produtores consigam cumprir suas obrigações e obter renda para passar essa safra”, diz o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy. “Para frente, trabalhamos com um plano de safra em condições mais favoráveis”, afirma o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

Entre as medidas “estruturantes”, de longo prazo, que o governo analisa, estão a redução de impostos de insumos agrícolas e o aumento dos investimentos em infra-estrutura. A intenção é anunciar novidades junto com o pacote de crédito agrícola que será divulgado até o fim de maio. “Estamos estudando medidas para ter uma política agrícola mais previsível e consistente”, diz Appy.

17/5/06 09:19  
Anonymous Anônimo said...

Viva Marina e a luta pelo meio ambiente e os povos da Floresta.
Vamos pressionar para que o Lula não pague com o nosso dinheiro as dividas de um modelo econômico baseadas no agronegocio e monocultura que deixam a economia nacional refém do mercado internacional da soja.
Esse monte de agricultores falidos querem que o dinheiro público, portanto de todos nós, pague as suas dívidas??

20/5/06 13:38  

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