novembro 16, 2007

Espasmo atômico do Greenpeace


8/nov/07 (AER) – Montado num parecer jurídico do professor José Afonso da Silva, o Greenpeace e caterva ajuizaram, na terça-feira 8, uma ação civil pública e pedido de liminar na Justiça Federal contra a União, a Eletronuclear, o Ibama e a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro (Feema) alegando uma suposta ilegalidade e inconstitucionalidade da autorização dada para a ‘construção’ da usina nuclear de Angra 3 (1.350 MW).

O argumento invocado é que o decreto 75.870, de 1975, editado pelo então presidente militar Ernesto Geisel, não seria aplicável para a ‘construção’ de Angra 3 por ter sido revogado por outro decreto, s/número, de 15 de fevereiro de 1991 (DOU de 18 de fevereiro de 1991, Seção 1, página 3056), editado pelo então presidente Fernando Collor de Mello. [1]

Trata-se de uma argumentação caduca e superada no ano passado, quando o Ministério Público Federal tentou impedir que o Ibama desse continuidade ao processo de licenciamento ambiental de Angra 3 sem a edição de uma lei específica definindo a localização da usina.

A chicana do Greenpeace e caterva é a ocultação que, não apenas a localização de Angra 3 foi legalmente definida, como as obras para a sua construção foram iniciadas em 1984 e paralisadas dois anos depois por falta de verbas. Portanto, bem antes da promulgação da Constituição de 1988 e da posterior revogação do decreto de 1975. A prevalecer a tese do nobre professor José Afonso da Silva, as outras duas unidades que compõem a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto – Angra 1 (660 MW) e 2 (1.350 MW)– teriam que ser desativadas e demolidas.

O fato cristalino que tentam ocultar é que se está diante de uma retomada da construção de Angra 3. E o Greenpeace e caterva sabem disso, tanto assim que deputado Edson Duarte (PV-BA), com declarada e ostensiva ‘assessoria técnica’ da ONG, entrou com uma medida judicial no Tribunal de Contas da União (TCU) questionando a validade do contrato para construção de Angra 3, firmado com a empresa Andrade Gutierrez em 1983.

Como este Alerta já documentou ad nausea, o Greenpeace é uma ‘ONG atômica’ por excelência pois foi criado com o propósito específico de obstaculizar o desenvolvimento do setor nuclear em países do então Terceiro Mundo que poderiam, eventualmente, ameaçar o ‘condomínio de poder’ estabelecido entre os EUA e a extinta União Soviética. Não por acaso, Ruy de Góes, ex-dirigente do Greenpeace no início da década de 1990 e atualmente no Ministério de Meio Ambiente, foi um dos citados em documentos oficiais desclassificados do governo americano reportando que o Greenpeace era fonte de informações dos serviços de inteligência do Departamento de Estado dos EUA sobre o programa nuclear brasileiro. [2]

Derrotado e desmoralizado em sua pretensão de impedir a construção de Angra 2, o Greenpeace tenta agora confundir a opinião pública escamoteando a verdade em relação a Angra 3. Não passa de mais um ‘espasmo atômico’ da ONG para ganhar exposição na mídia e engordar as suas contas bancárias na Holanda.

Notas:
[1]Angra 3 é ilegal e inconstitucional, e deve ficar como está - no papel, Greenpeace, 06/11/2007
[2]Angra 3 e a fusão nuclear, Alerta Científico e Ambiental, 15/02/2007

setembro 19, 2007

Greenpeace acusado de terrorismo e pirataria


11/set/07 (AER) – Dia 30 passado, cinco ativistas profissionais do Greenpeace abordaram e invadiram o navio Algomarine, que transportava carvão para a termelétrica canadense Nanticoke, situada às margens do lago Erie, para protestar contra o aquecimento global.

Como de hábito, os ativistas se acorrentaram e se penduraram em locais estratégicos da embarcação, impedindo, inclusive, a movimentação do leme; por segurança, o navio teve que parar e lançar âncora. [1]

Após o ‘feito’, três ativistas foram presos e indiciados por má conduta e perturbação da ordem, sendo liberados logo em seguida.

O episódio causou uma profunda revolta no Sindicato Internacional de Marítimos cujo vice-presidente, James Given, acusou o Greenpeace de terrorismo e pirataria. “Esse não foi um incidente menor. (Os ativistas) colocaram em risco a vida dos 16 tripulantes”, disse Given, complementando que a tripulação se recuperava de um período tenso após a morte acidental de um colega ocorrida dias antes no porto de Québec.

Given protestou contra as penas leves aplicadas e pediu que os ativistas fossem enquadrados por terrorismo e pirataria. De fato, o sindicato enviou uma carta de protesto ao primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, exigindo explicações e conclamando o governo a realizar uma consulta pública para saber porque as autoridades não tomaram medidas preventivas para impedir que os ativistas abordassem o navio.

Se todos os atingidos por ações ‘pacíficas’ do Greenpeace e caterva tivessem atitudes semelhantes à do Sindicato Internacional de Marítimos, exigindo sanções penais mais duras ou reparações financeiras, os bravos ‘guerreiros do arco-íris’ pensariam duas vezes antes de realizar suas acrobáticas ações ‘caça-níqueis’ por saberem que seriam atingidos em sua parte mais sensível: as contas bancárias.

Notas:
[1] Greenpeace protesters are 'terrorists,' says union, The Welland Tribune, 01/09/07

setembro 08, 2007

O mamão do Greenpeace


30/ago/07 (AER ) – Recentemente, o Ministério da Agricultura da Tailândia iniciou uma bem nutrida ofensiva junto ao Parlamento tailandês para que a proibição legal de testes de campo com transgênicos no País seja revista. [1]

O Greenpeace, que há anos faz uma rumorosa campanha anti-transgênicos nesse e outros países, resolveu protestar em seu melhor estilo marqueteiro e despejou toneladas de mamão transgênico na entrada do ministério da Agricultura, em Bangkok.

Para desespero dos greenpeacianos, as pessoas que passavam pelo local, longe de aderir ao protesto, afluíram em massa para pegar o seu mamão de graça. “Não me assusto com mamão transgênico. Me assusto mesmo se não tiver o que comer’, disse Ampon Tantina, que saiu do seu carro, parado no sinal de trânsito, para pegar seu quinhão. Uma vendedora de frutas, senhora Gig Krueyat, não fez por menos e arrebanhou três sacolas cheias.

Acrescentando injúria à humilhação, até mesmo ativistas de outra ONG que protestavam contra a construção da represa de Rasi Salai não deixaram passar a oportunidade e fizeram a festa. Em poucos minutos, não restava mais nenhum mamão. Jocoso, um passante sugeriu que, no próximo protesto, o Greenpeace trouxesse mangas.

Seria salutar se o Greenpeace fizesse um ‘teste de campo’ similar no Brasil em sinal de protesto contra as alegadas ‘arbitrariedades’ da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).


Notas:
[1] Greenpeace Stunt Backfires, The Jawa Report, 29/08/07

maio 29, 2007

Itamaraty pára ‘rolo compressor’ da USAID na Amazônia



28/mai/07 – A análise deste Alerta e de autoria do jornalista Lorenzo Carrasco sobre o 'plano estratégico' do governo dos Estados Unidos, por intermédio da sua Agência de Desenvolvimento Internacional (USAID), para a ocupação efetiva de áreas críticas da Amazônia, repercutiu celeremente no governo brasileiro.

Segundo matéria publicada ontem pelo jornal Correio Braziliense [1], o Itamaraty vetou a iniciativa da USAID de criar e coordenar consórcios com 26 ONGs 'nacionais' e estrangeiras para atuar na Amazônia. Por sua relevância, transcrevemos a abaixo a reportagem:



A implantação de um ambicioso projeto de conservação da bacia Amazônica, financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e que envolve grandes áreas em cinco países da região, inclusive o Brasil, provocou um surdo mal-estar diplomático entre o Itamaraty e a instituição americana. Divulgado no site da agência, a Iniciativa para a Conservação da Bacia Amazônica recebeu sinal vermelho do Ministério de Relações Exteriores, que mandou suspender sua execução, prevista para julho. A proposta, ainda em fase de planejamento, é coordenada por cinco grandes consórcios internacionais formados por 26 organizações não-governamentais (ONGs) ambientalistas e de defesa dos indígenas, instituições de pesquisa e universidades dos EUA e dos países da região.

O secretário de Política, Estratégia e Relações Internacionais do Ministério da Defesa, general Maynard Santa Rosa, vai enviar nos próximos dias ao Itamaraty e a outros ministérios responsáveis pela gestão da Região Norte um parecer recomendando a paralisação de qualquer iniciativa das ONGs no lado brasileiro. "O parecer será contrário à implementação porque ele contraria os interesses nacionais. Estamos elaborando um documento que será entregue a todos os ministérios envolvidos com o assunto", garantiu.

O ministério das Relações Exteriores exigiu da Usaid a suspensão da iniciativa. Segundo o departamento de Comunicação Social do Itamaraty, o projeto já teria sido cancelado, tanto que a agência retirou o texto do seu endereço eletrônico na internet. O governo brasileiro não ficou satisfeito com a forma como a iniciativa foi apresentada e chegou a criar um grupo técnico interministerial para analisar a proposta. O resultado do trabalho ficou à cargo do Itamaraty, que proibiu seus diplomatas de se manifestarem sobre o tema.

O que mais assusta militares é a definição de áreas escolhidas pelas ONGs para serem preservadas como reservas ambientais ou terras indígenas interfronteiriças, com demarcação de corredores ecológicos intocáveis e previstos para ocuparem grandes áreas vizinhas de alguns países. Militares consideram "preocupante" a atuação das ONGs e instituições privadas estrangeiras de pesquisa e negócios em diversas áreas das fronteiras do oeste da Amazônia e a previsão de relacionamento institucional entre a coordenação do projeto e a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).

Grandes obras Em um dos consórcios, instituições privadas ficam encarregadas de "fortalecer as organizações indígenas" e é prevista a demarcação de áreas contíguas para os índios em terras do Brasil, Equador e Peru, sob a coordenação da Wildlife Conservation Society (WCS). Outra preocupação é a intenção do plano de fortalecer movimentos preservacionistas que têm restrições à implantação de importantes projetos de infra-estrutura, como a construção das duas hidrelétricas programadas para o Rio Madeira, a estrada que liga a Amazônia ao Oceano Pacífico, a instalação do gasoduto Urucu-Porto Velho e a pavimentação de rodovias e outras obras na região.

Outro temor dos especialistas em meio ambiente no governo é quanto ao controle do fluxo de informações sobre a biodiversidade brasileira, coletadas pelas organizações não-governamentais contratadas e pagas pela Usaid para atuarem, simultaneamente, em terras brasileiras e nas dos vizinhos amazônicos. Os consórcios apadrinhados pela agência americana estão sendo coordenados pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil, que não foi informado oficialmente da decisão do governo de barrar o projeto. A Usaid retirou o projeto da internet. O escritório da agência no Brasil informou que também não foi notificado formalmente pelo Itamaraty.

Entrevista General Santa Rosa

Há espionagem na região
O general Maynard Marques Santa Rosa, secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa, é um dos mais antigos e experientes quatro-estrelas do Brasil. Aos 63 anos, já comandou sete unidades militares na Amazônia. Nos anos 1988 e 1989, fez o curso de Política e Estratégia do US Army War College, na Pensylvania, Estados Unidos. Foi lá, segundo conta, que detectou pela primeira vez os interesses estrangeiros pela Amazônia brasileira onde, por seus cálculos, existem mais de 100 mil ONGs de todos os tipos e interesses atuando sem que o Estado brasileiro tenha controle sobre elas. Há um mês o general prestou depoimento na Câmara e alertou os parlamentares sobre o risco desse descontrole. Na sexta-feira ele reiterou a preocupação em entrevista ao Correio.

Por que o senhor considera arriscada a atuação de ONGs na Amazônia brasileira?
O risco é o descontrole sobre essas organizações. Protegidas pela Constituição, trabalham livremente sem que nossas instituições tenham competência para investigá-las. Acobertadas por essa proteção, defendem interesses ocultos das suas fontes de financiamento. Sabemos que existem ONGs prolíficas e com atuação humanística. Mas há outras que se prestam ao tráfico internacional de drogas, armas e até de pessoas, inclusive indígenas, além de lavagem de dinheiro. Algumas dessas ONGs, muito facilmente e de maneira barata, são utilizadas como instrumentos de captação de informações por organismos de inteligência estrangeiros, atuam na espionagem. Sabe-se disso porque os serviços secretos do Reino Unido e dos Estados Unidos têm trabalhado na área. Temos informações seguras sobre isso.

Até que ponto isso preocupa?
Posso garantir que se trata da compra da omissão de brasileiros para dificultar o desenvolvimento do país, a serviço de estrangeiros. A América do Sul, região que está à margem da faixa de intercâmbio comercial de interesse do Hemisfério Norte e ainda hoje é produtora de matérias primas e alimentos, agora é considerada como preservadora da ecologia do planeta. Isso esconde o interesse de manter sem exploração os minerais do subsolo brasileiro e controlar o imenso banco de biodiversidade e esta riqueza potencial que nós ainda não temos tecnologia para explorar. Então, o maior risco que eu vejo é o de impedir o desenvolvimento do Brasil.

O que o governo brasileiro pode fazer para ter mais segurança e transparência na relação com as ONGs?
Muito pouco, considerando as limitações jurídicas. Não podemos nem sequer saber o conteúdo dos interesses dessas organizações porque a lei não permite. A não ser que seja feita uma reforma constitucional que defenda os interesses do Brasil. O governo está de mãos atadas. A única coisa que se pode fazer é um trabalho de inteligência para a obtenção de informações. Acredito até que elas agem intencionalmente para fragilizar o controle do Estado sobre o território. Nós já alertamos às autoridades desde a Constituinte de 1988, mas fomos vozes clamando no deserto. Não estamos combatendo as ONGs como instituições, não podemos ser preconceituosos. O que alertamos e criticamos é o descontrole.

Brasil, é hora de acordar!
Como enfatizado na análise deste Alerta, está na hora do Brasil acordar e pelejar pela sua soberania plena, ou corre-se o sério risco de despertar mais tarde da letargia e nos defrontar com o pesadelo de uma nação dividida ou fragmentada.


Notas:[1] Governo barra projeto amazônico, Correio Braziliense, 27/05/07

março 27, 2007

Transgênicos: Greenpeace a um passo do ecofascismo


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22/mar/07 (AER) – A centésima reunião da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), com início marcado para as 9 horas de hoje, teve que ser adiada depois que ativistas profissionais do Greenpeace, escudados pela procuradora regional da República Maria Soares Cordiolli, invadiram o recinto para participar da reunião na marra.

Pretensamente, os ativistas entraram na sala e exigiram ficar presentes até que os membros da comissão decidissem sobre o pedido de acompanhar a reunião, feita dias antes e acabram conseguindo o que queriam, o cancelamento da reunião pois alguns membros do colegiado se negaram a votar sob tais condições de constrangimento.

Walter Colli, presidente da CTNBio, disse que caso o governo não garanta que a próxima reunião se realizará sem ameaças de estranhos, não haverá reunião. "De repente a gente nota que há uma fragilidade no Estado brasileiro, quando órgãos do Estado não conseguem se reunir por ação digamos indevida de pessoas que não pertencem a esses órgãos. A CTNBio discute coisas sensíveis, há divisão no Brasil sobre essa tecnologia. Se não tivermos uma proteção do governo, melhor não reunir", disse ele, comparando o incidente a uma hipotética tentativa de quem quer que fosse de participar das reuniões do Conselho de Política Monetária (Copom) ou do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), ao indagar: "Por que não vão todos entrar no Copom para fazer parte da reunião?". [1]

Colli afirmou ter visto na presença de membros do Greenpeace uma manobra para evitar um eventual liberação comercial do milho da Bayer, já que Lei nº 11.460, publicada ontem, reduziu de 18 para 14 o quórum mínimo necessário para a aprovação na CTNBio. "Foi uma manobra.... A redução do quórum fez com que eles ficassem sem alternativa", disse Colli, classificando a invasão como "ação totalitária", de "desrespeito" ao Estado democrático de direito e que o Greenpeace alegou direitos democráticos para "violentar" as reuniões da comissão. [2]

Muitos poderiam interpretar as palavras de Colli como um compreensível desabafo, mas não é bem assim. Não é preciso ir muito longe para se recordar como os nazistas, por exemplo, se valeram das leis e direitos democráticos da República de Weimar para chegarem ao poder. De fato, existem vários estudos sérios alertando sobre vinculações históricas e ideológicas entre o que chamam de 'ecologia profunda' e o fascismo. Um deles é Peter Staudenmaier que, em seu ensaio "Ecologia Fascista: a 'vertente verde' do Partido Nazista" (Fascist Ecology: The "Green Wing" of the Nazi Party), mostra que uma das primeiras prioridades dos nazistas ao chegarem ao poder foi implementar suas políticas ambientalistas 'progressivas'. Igualmente, a escritora inglesa Anna Branwell demonstra que os nazistas foram os primeiros ambientalistas radicais a governarem um Estado estabelecendo um sistema policial de proteção de reservas naturais e habitats silvestres, por meio de grupos especiais de tropas SS. Os nazistas se horrorizavam com a construção de usinas hidrelétricas nos rios "sagrados" e aprovaram várias leis sobre os direitos dos animais que levou, anos depois, alguns intelectuais a observar que, quando uma sociedade trata animais como seres humanos, ela está a um passo de tratar seres humanos como animais.[3]

Ações desrespeitosas e até truculentas como são usuais no Greenpeace não contribuem para a causa da necessária e correta proteção ambiental da população brasileira. Ao contrário, elas devem servir de alerta pois o radicalismo e o obscurantismo praticados pelo Greenpeace o colocam a um passo do ecofascismo.

Notas:
[1]CTNBio ameaça suspender reunião de abril, Agência Brasil, 22/03/07
[2]Reunião da CTNBio sobre milho é suspensa após briga, Valor, 23/03/07
[3][Anna Bramwell, "Ecology in the 20th Century: A History", Yale University Press, New Haven, 1989, cap. 10

fevereiro 18, 2007

Greenpeace, entidade “beneficente”?



Rio, 13/fev/07 - Na Alemanha, como ocorre em toda parte e com todas as ONGs, o Greenpeace é considerado uma entidade beneficente sem fins lucrativos. Agora, porém, às voltas com uma virtual explosão de organizações do chamado “terceiro setor” no país, o governo alemão está questionando tal classificação e ameaça retirar parte das isenções fiscais que as favorecem, e a multinacional “verde” está na alça de mira.

Em agosto de 2006, o comitê científico assessor do Ministério das Finanças alemão divulgou um duro relatório sobre o “terceiro setor”, no qual chamava a atenção para a “proliferação caótica” de organizações beneficentes no país, muitas das quais representavam grupos de interesses especiais que aproveitavam as vantagens fiscais para influenciar a opinião pública em favor dos seus interesses. Por conseguinte, o comitê sugere uma redefinição do conceito de “sem fins lucrativos” de que gozam tais entidades, e que as isenções fiscais só sejam conferidas a organizações que proporcionem “vantagens coletivas reais”.

Ou seja, nas palavras do jornalista e escritor Thomas Deichmann, “organizações que não apenas afirmem em seus estatutos que o público em geral se beneficia das suas atividades, mas também proporcionem provas desses benefícios”. Segundo ele, os funcionários do ministério estão convencidos de que entidades beneficentes religiosas e similares merecem continuar desfrutando das isenções fiscais, mas o mesmo não se aplica a ONGs como o Greenpeace. [1]

Baseada em Hamburgo, a filial alemã do Greenpeace é a mais rica entre as 27 filiais
internacionais da multinacional “verde”. Em 2006, a sua arrecadação foi de aproximadamente 40 milhões de euros, proporcionada pelos seus 550 mil contribuintes no país, o que lhe permite arcar com uma grande parcela dos custos das operações mundiais da organização. Sem as vantagens fiscais, diz Deichmann, essa contribuição ficaria seriamente ameaçada, com sérias implicações para o Greenpeace International.

O problema é que o Ministério das Finanças está propondo que, para se qualificar como entidades beneficentes, as ONGs ambientalistas não sejam orientadas “primariamente para influenciar politicamente a opinião pública”, mas que os resultados específicos de suas atividades em favor do meio ambiente sejam estritamente avaliadas e comprovadas. E é aí que a porca torce o rabo, pois apenas algumas atividades do Greenpeace se enquadrariam em tais exigências, o que não ocorre, por exemplo, com as suas campanhas contra o banimento dos organismos geneticamente modificados (transgênicos) e a energia nuclear na Alemanha.

Deichmann resume a questão com maestria: “É claro que o Greenpeace tem o direito de argumentar o quanto quiser contra os cultivos transgênicos e outros avanços científicos. Mas quando ele recebe efetivamente apoio estatal para fazer tais protestos, isto coloca um peso extra aos seus argumentos, mesmo quando eles sejam, freqüentemente, anticientíficos e antitecnológicos. O Greenpeace é um grupo de influência que, ao meu ver, se coloca como uma barreira ao progresso científico. Se ele pode arrecadar independentemente o dinheiro suficiente para continuar apresentando os seus argumentos, boa sorte! Aqueles entre nós que discordamos podemos apresentar os nossos argumentos em resposta. Mas é outra coisa completamente diferente, quando um grupo desses é privilegiado em relação a outros e recebe um palanque isento de impostos para fazer as suas campanhas políticas.”E conclui: “Alguns de nós temos uma visão completamente diferente da do Greenpeace sobre o que é de interesse e do bem público. O debate sobre essas coisas deveria ser colocado em um campo de disputa equilibrado, em lugar dessa situação em que um dos lados do argumento é favorecido e elevado acima do outro.”

Os brasileiros que têm visto um projeto de desenvolvimento ou qualquer avanço tecnológico ser obstaculizado pela ação do Greenpeace e caterva devem ficar atentos aos desdobramentos da iniciativa alemã. Agora, diante da perspectiva de instalação de uma nova CPI das ONGs no Senado, uma nova oportunidade se abriria para uma mais que necessária rediscussão sobre o tema em nosso país.

Notas:[1]Just how ‘charitable’ is Greenpeace?, Frankfurter Allgemeine Zeitung, 24/01/07

fevereiro 06, 2007

'Máfia verde' exposta no JB


31/jan/07 - Em uma marcante série de reportagens publicadas nas edições de 28, 29, 30 e 31 de janeiro, o Jornal do Brasil promoveu uma das mais relevantes exposições públicas já feitas pela imprensa brasileira sobre a atuação do aparato ambientalista-indigenista no País. Com direito a um caderno especial na edição do domingo 28 ("Amazônia em perigo - A ocupação silenciosa"), a reportagem pinta em cores fortes a ameaça representada por esse aparelho de guerra irregular, que a equipe editorial deste Alerta tem se empenhado em denunciar há mais de uma década.

De fato, uma leitura isenta das reportagens revela uma grande identidade com nossas análises e denúncias, evidenciando uma conscientização de certos setores empresariais, políticos e, até mesmo, do governo, sobre a natureza da ofensiva ambientalista-indigenista internacional que, juntamente com a submissão preferencial ao rentismo financeiro, tem sido um dos principais obstáculos para a retomada do pleno desenvolvimento pelo País.

Certamente a decisão do jornal de publicar a série de reportagens (reproduzida na Gazeta Mercantil) reflete tal conscientização, ainda mais quando empreendimentos obras cruciais para o sucesso do recém-lançado Programa de Aceleração do Desenvolvimento (PAC), como o Complexo do Rio Madeira e a hidrelétrica de Belo Monte, se localizam na Amazônia e estão sob fogo cerrado do aparato ambientalista-indigenista internacional.

A chamada na primeira página sobre a série de reportagens não deixa dúvidas sobre seu conteúdo: "Os invasores da Amazônia agem com discrição de monge. Avessos a barulhos, usam como armas as alianças com ONGs. Liderada pelos EUA, a frente de ocupação abrange nações européias e sul-americanas. A presença estrangeira assumiu dimensões alarmantes, adverte um relatório confidencial produzido por serviços de inteligência do governo federal".

A investigação se baseia nos relatórios de 2005 e 2006 do Grupo de Trabalho da Amazônia (GTAM), que reúne especialistas em assuntos amazônicos dos serviços de inteligência das Forças Armadas e da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Um dos seus coordenadores é o coronel Gelio Fregapani, da ABIN, que foi um dos muitos entrevistados pela equipe do JB. "Obtido com exclusividade pelo Jornal do Brasil, o mais recente estudo do GTAM concentra-se em nove questões que os especialistas consideram especialmente relevantes. Condena a demarcação contínua da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, radiografa a questão ambiental, denuncia a ação do crime organizado e trata dos conflitos fundiários. O tom, sempre incisivo, torna-se áspero no capítulo dedicado à ação do governo. Ou omissão: a máquina do Estado ainda não chegou lá", afirma o texto assinado pelo editor-chefe Augusto Nunes. Outro trecho é categórico:


As organizações não-governamentais, algumas controladas por governos estrangeiros, adquiriram tal influência nas áreas indígenas que hoje substituem, na prática, o Estado brasileiro", garante o GTAM. São zonas de exclusão, tão distantes dos controles federais quanto os morros do Rio expropriados por narcotraficantes. As complicações se agravam nas reservas que traçam a linha de fronteira. É o caso do Parque Ianomâmi, encostado na Venezuela.

Na terça-feira 30, o texto dos jornalistas Clara Cavour, Fernando Exman e Karla Correia enfatiza a liberdade com que as ONGs do aparato atuam no território nacional:


Absoluto descontrole oficial sobre a atuação das ONGs, ausência do governo nas comunidades mais carentes da Região Norte, legislação pouco adequada, mais conivência do governo e da comunidade acadêmica brasileira com interesses externos têm feito da Amazônia o celeiro de uma riqueza monumental, que beneficia uma massa de estrangeiros que circula com desenvoltura na floresta. A biopirataria na região é a base de um mercado que movimenta US$ 100 milhões por ano, nas indústrias química, farmacêutica e cosméticos, segundo estimativa do Ministério do Meio Ambiente. E o Brasil não vê nem um centavo desses recursos.

O secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, Rogêrio Magalhães, admite ao jornal: "Existem espaços na Amazônia em que brasileiro não entra, tem o acesso impedido." Como exemplo, citou uma área em que o Instituto Smithsoniano de Washington atuava em convênio com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), fechada em 2001 pela organização estadunidense: "Ninguém sabia o que era pesquisado lá. Era como se fosse um território norte-americano fincado em plena Amazônia. Em um espaço desses, qualquer espécie pode ser analisada sem autorização do governo."

Também entrevistado, o jornalista Lorenzo Carrasco, membro do conselho editorial do Alerta e coordenador editorial do livro Máfia Verde: o ambientalismo a serviço do Governo Mundial, reforça a denúncia: "Esses são instrumentos para frear o governo brasileiro. Greenpeace, WWF, Amigos da Terra, Survival International, entre outras, fazem parte de uma estrutura hierárquica de interesses econômicos no eixo Estados Unidos-Europa. Essas ONGs atrasam o desenvolvimento de atividades legítimas do Brasil. Há áreas na Amazônia onde as ONGs têm mais poder que o governo. É um novo colonialismo."

Contactados pela equipe do JB, os órgãos governamentais responsáveis pelos setores onde atua esse aparato internacional se esquivaram. A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) "reconhece sua obrigação de impedir a prática de irregularidades em territórios indígenas, mas alega que nada pode fazer para impedir que ONGs estrangeiras entrem nas reservas". Por sua vez, "o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) também não deu muitas informações sobre sua atuação na região. Informou apenas que algumas empresas estrangeiras foram autuadas por exercício ilegal de extrativismo mineral ou vegetal. Não revelou detalhes porque os processos ainda tramitam 'dentro do prazo de ampla defesa respeitando os direitos dos autuados'".

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