setembro 21, 2006

As dioxinas do Greenpeace




Rio, 17/set/06 – Como nos informa o Estadão de anteontem, o Greenpeace e caterva prometem um grande protesto no próximo dia 24 nas pontes que unem as cidades de Gualeguaychú (Argentina) e Fray Bentos (Uruguai) contra as ‘papeleras’ das empresas Ence e Botnia em construção no Uruguai. '(Os protestos) são para lembrar ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e outros organismos que eles não devem apoiar economicamente os projetos dessas duas companhias', disse Gustavo Rivollier, membro da Assembléia Cidadã de Gualeguaychú. [1]

Manifestações, aliás, bastante óbvias que seriam convocadas tendo em vista o recente libelo do Greenpeace, feito dia 30 passado em Buenos Aires, visando não apenas as papeleras uruguaias mas os vários empreendimentos em marcha nos países do Mercosul cuja maturação projeta a transformação da região em um fortíssimo pólo industrial de celulose e papel de amplitude mundial. [2]

A mutreta do Greenpeace e caterva se revela na exigência de que as papeleras uruguaias utilizem a tecnologia “totalmente livre de cloro” – mais conhecida por suas sigla em inglês, TCF -, e não a “livre de cloro elementar”, ECF. Em tela, a emissão de dioxinas e furanos, compostos orgânicos altamente poluentes, durante o processo de branqueamento da celulose. Porém, como demonstra qualquer compêndio científico na área, ambos os métodos não utilizam o malfadado ‘cloro elementar’, quer dizer, emitem dioxinas em quantidades indetectáveis.

Além disso, é sabido que a legislação argentina não exige a utilização da tecnologia TCF em suas papeleras, muitas das quais, diga-se de passagem, ainda utilizam cloro elementar no processo de branqueamento. Dois pesos, duas medidas: aqui não se trata de tecnologias para o branqueamento de celulose, mas de impedir a construção de qualquer nova papelera e a ampliação da correspondente área de florestamento na região.

Adicionalmente, um grupo de uruguaios responsável pelo blog Bustismos acusa o Greenpeace de associar-se com empresários que adotam o método TFC, que é bem mais caro que o ECF e nem por isso mais eficiente, ao contrário. O artigo publicado no Bustismos, “ECF vc. TCF – La Batalla Final”, fornece informações detalhadas a respeito.

Em resumo, empresas que adotaram a tecnologia TFC estão com grande capacidade ociosa uma vez que seus produtos são mais caros. Só para dar alguns números, em 2001, o método ECF contava com 75% do mercado mundial de celulose, enquanto o do TCF não alcançava 5%. Nos EUA e Canadá, líderes mundiais na produção de celulose, o ECF alcança 96% do total.

Como estão a demonstrar casos recentes, como a moratória da soja ‘amazônica’ [incluir hyperlink] e, agora, no caso das papeleras uruguaias, a propalada defesa do meio ambiente praticada pelo Greenpeace e caterva se transformou no lucrativo econegócio. Em seu percurso, o Greenpeace vai emitindo suas “dioxinas verdes” altamente tóxicas a um número – felizmente decrescente – de incautos e desavisados.


Notas:
[1]'Fábricas no Uruguai serão alvo de mais protestos', O Estado de São Paulo, 15/09/06
[2]'Greenpeace sente o golpe e ataca 'papeleras' do Mercosul', Alerta Científico e Ambiental, 3/09/06

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